27 abril 2009

Ciência determinista e liberdade moral



Uma das grandes indagações filósóficas é o debate entre indeterminismo e determinismo, ou seja, se há possibilidade da liberdade ou todos os eventos do mundo estão determinados.

Provavelmente o argumento mais forte a favor do determinismo venha da possibilidade de previsão de eventos pela ciência. O sucesso da física de Newton e das leis de Kepler ajudaram a reforçar a ideia de que todos os eventos (e por sua vez todas as ações) têm uma explicação científica. Mais do que isso, a ciência tornou-se a arte de prever acontecimentos: a velocidade da queda de um corpo, o próximo eclipse solar, o resultado de uma reação química.

Cria-se, com a aceitação da previsibilidade dos eventos pela ciência, o problema da existência da liberdade no campo moral. Somos realmente livres ou nossas ações podem ser previstas da mesma forma que as órbitas dos planetas. Ou ainda, caso nosso conhecimento sobre o comportamento humano torne-se tão vasto quanto nosso conhecimento sobre as leis da física, seremos tão previsíveis quanto a queda de um corpo devido à força da gravidade?

Vale a pena, nesse sentido, conhecer a obra do filósofo da ciência Karl Popper, intitulada "O universo aberto". Nela (que na verdade é o volume II do posfácio à sua famosa "Lógica da descoberta científica") o autor discute o principal argumento a favor do determinismo: o determinismo científico. De modo muito interessante Popper defende a ideia de que, ao contrário do que imaginamos, a ciência não é determinista. O filósofo mostra, assim, a fragilidade do determinismo científico e, portanto, que o principal argumento determinista é falho.

Num artigo escrito em coautoria com meu colega do mestrado, Ronaldo Pimentel, as ideias centrais de Popper são expostas. O texto encontra-se no site: http://www.consciencia.org/argumentos-popperianos-$em-favor-do-indeterminismo-cientifico