24 dezembro 2012

Sobre a explicação e redução de teorias


Feyerabend e a crítica às condições empiristas de redução interteórica



Resumo: Neste artigo farei uma breve exposição dos modelos de redução teórica de Hempel e Nagel e de dois exemplos históricos propostos por Feyerabend para sugerir a insuficiência de tais modelos para advogar um progresso científico. Argumentarei que Feyerabend não consegue refutar totalmente a lógica da redução pelos exemplos dados, contribuindo, no entanto para enfraquecê-la. Concluirei que uma possível contribuição da crítica feyerabendiana se traduz no campo da virtude epistêmica de evitar o dogmatismo.

Palavras-chave: Feyerabend. Progresso científico. Redução. Explicação.

Para ler o artigo, clique no link abaixo:
Kínesis, Vol. IV, n° 08, Dezembro 2012, p. 123-134

Para acessar a revista, clique na imagem ao lado.

30 agosto 2012

As cotas e o desafio da educação

Dentre as muitas críticas que tenho lido a respeito da adoção de cotas para estudantes oriundos de famílias de baixa renda, dois argumentos parecem ser os mais razoáveis e, sem dúvida, os mais utilizados. O primeiro sustenta que separar vagas em universidades públicas para uma parcela de desfavorecidos da sociedade é uma medida injusta, diminuindo as chances de quem não se enquadra na categoria "desfavorecido" de alcançar uma das já disputadas vagas nas instituições federais. O segundo argumento faz uma crítica à qualidade do ensino básico público oferecido aos brasileiros, afirmando que se a educação pública fosse excelente não haveria necessidade de cotas. Assim a suposição é de que o governo deveria investir mais na educação básica se quiser incluir estudantes de baixa renda.

24 junho 2012

O argumento pluralista em favor do realismo hipotético de Feyerabend.


Tiago Luis Teixeira Oliveira

Resumo


Neste artigo procuramos expor o pensamento do austríaco Paul Feyerabend (1924-1994) sobre a desejabilidade do realismo científico em relação ao instrumentalismo. O seu principal argumento é a fertilidade heurística do realismo, favorecendo o aparecimento e a conservação de teorias rivais cuja concorrência demanda o desenvolvimento dos pontos de vista em questão. Apresentamos três exemplos históricos que corroboram a visão feyerabendiana: a teoria copernicana, a teoria quântica e o caso do movimento browniano. Discutimos também algumas objeções ao realismo feyerabendiano e sugerimos a influência de Mill sobre o posicionamento de nosso autor.

Palavras-chave


Feyerabend; Instrumentalismo; Pluralismo; Realismo hipotético

Publicado originalmente na Revista Sapere Aude - Departamento de Filosofia da PUC-MG (ISSN 2177-6342)

Link:http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/3182

28 maio 2012

Notas sobre a ética da crença


ÉTICA DA CRENÇA - exposição feita no grupo PENSA

Tiago Luís Teixeira de Oliveira
Problema em questão:
1. É moralmente correto acreditar sem indícios?

A questão foi colocada por William Clifford (1879) e foi ilustrada pelo exemplo do armador que decide zarpar com um navio lotado baseado na sua crença de que o navio não precisa de reparos e nem irá naufragar (cf. capítulo 16 do material). Na ocasião, Clifford sugeriu ser imoral acreditar sem indícios suficientes para isso. Resumindo em 3 proposições sobre a ética da crença, Clifford sustenta que

·         É legitimamente correto acreditar num fato se houver indícios para isso
·         É legitimamente correto não acreditar num fato se houver indícios para isso
·         É legitimamente correto suspender o juízo na falta de indícios conclusivos


Uma vez que essa opinião refere-se a todos os tipos de crença, podemos interpretar que todos os enunciados acima também se aplicam à crença religiosa. Sua posição, portanto, é a de que é prudente e moralmente correto sustentar um agnosticismo[1] baseado na falta de evidências sobre a existência de Deus[2].

23 fevereiro 2012

Deus para pensar


O sagrado sempre fascinou a humanidade e é impossível dizer com precisão quando surgiu a ideia de Deus. Mas é possível saber quando Deus começou a interessar os filósofos: desde que os gregos do século V a.C. iniciaram a tradição de investigação racional conhecida como filosofia. Os gregos acreditavam em vários deuses e estes tinham forma e comportamentos humanos.

 Enquanto vários dos pensadores da filosofia grega permaneciam crentes na religião tradicional, Xenófanes de Cólofon (nascido por volta de 570 e falecido aproximadamente em 460 a.C.) desconfiava que os deuses não deveriam ter forma de pessoas. Para ele, se os touros tivessem deuses, tais deuses teriam chifres. Aliás, outra ideia que Xenófanes recusou é que havia vários deuses. O raciocínio do filósofo era mais ou menos o seguinte: Deus é um ser ilimitado, portanto, se houver mais seres ilimitados, teríamos um deus limitando o outro. Desse pensamento o filósofo concluiu que só pode existir um único Deus. Coincidentemente, é o mesmo que as religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) acreditavam.

E como sabemos que existe mesmo um Deus?

26 janeiro 2012

Mandamentos do filósofo (Russell)

‎"1-Não tenhas certeza absoluta de nada.
 2-Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
 3-Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.
4-Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória. 
5-Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas. 
6-Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te. 
7-Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas. 
8-Encontra mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda. 
9-Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la. 
10-Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso." - Bertrand Russell

18 janeiro 2012

Veja e a Filosofia

Minha última postagem foi sobre os erros argumentativos do colunista Reinaldo Azevedo da revista Veja. Minha intenção aqui não é repetir meu posicionamento em relação ao desprezo daquela mídia para com a disciplina a que me dedico como professor e pesquisador (para ler clique aqui). O pensamento da revista sobre a "absurdidade" da lei de 2008 que fez a Filosofia retornar ao ensino médio depois de 37 anos reflete um desconhecimento do que seja filosofar. É claro que esse desconhecimento existe em todos os pais de alunos que não tiveram filosofia em sua educação formal, existe até mesmo em professores de outras disciplinas que disputam espaço no currículo ou que acabam lecionando filosofia no lugar dos licenciados formados na disciplina. Essa é uma ótima ocasião para dar a conhecer o que de fato é fazer filosofia e seu papel na educação básica.