O que é filosofia, por 50 filósofos[1]
Perguntamos aos vários
entrevistados para nosso programa de internet (podcast) Philosophy Bites (bocados de filosofia) a simples questão ´O que é
filosofia?’. Eles não foram avisados da questão. Suas respostas nos
surpreenderam. A combinação de perspectivas foi iluminadora. Aqui estão elas em
ordem alfabética.
Marilyn Adams: Filosofia é dar duro pensando sobre as mais
importantes questões e tentar trazer clareza analítica tanto às questões quanto
às respostas.
Robert Adams: Filosofia é o que os filósofos fazem. Isso é
importante porque não quero ser “mente fechada” sobre o que constitui a
filosofia. Há certas maneiras de fazer filosofia que são tão diferentes da
maneira como eu e a maioria dos filósofos de língua inglesa fazemos que eu
deveria hesitar em dizer que eles e nós praticamos a mesma disciplina. Mas
penso que seria indevidamente imperialista em dizer que eles não estão fazendo
filosofia.
John Armstrong: Filosofia é o amor bem sucedido do pensamento.
Catalin Avramescu: Vocês me acertaram com essa pergunta. É um pouco
como o que Agostinho famosamente disse sobre o conceito de tempo. Quando
ninguém me pergunta sobre isso, eu sei. Mas quando alguém me pergunta sobre o
que o conceito de tempo é, percebo não saber.
Simon Blackburn: Bem, é um processo de reflexão sobre os conceitos
mais profundos, isto é, estruturas do pensamento, que definem a maneira como
pensamos sobre o mundo. Portanto, são conceitos tais como razão, causa,
matéria, espaço, tempo, mente, consciência, livre arbítrio, todas aquelas
grandes palavras abstratas, e criam tópicos, e as pessoas tem pensado sobre
eles por dois milênios e meio, e espero que continuem pensando neles nos
próximos dois milênios e meio, se sobrar algum de nós lá.
Richard
Bradley: Filosofia é 99% de reflexão crítica sobre qualquer coisa em que
gostaria de estar interessado.
Wendy Brown: A filosofia pergunta pelo sentido da vida. A filosofia
pergunta sobre quem somos, o que podemos ser, como concebemos a nós mesmos e
como até podemos pensar tais questões.
Allen Buchanan: Não penso que seja coisa qualquer, mas penso que
geralmente ela envolva ser crítico e reflexivos sobre coisas que a maioria das
pessoas aceita como certo.
John Campbell: Não acho que exista uma resposta geral à pergunta. O
que mais me interessa é o que a ciência nos diz sobre nossa visão de mundo no
senso comum. O que me inquieta é pensar duplamente em que, por um lado, nós só
operamos acriticamente com nossa visão de mundo do senso comum, e então nós
passamos a um modo científico. Penso que a ciência realmente desestabiliza nossa
visão de mundo do senso comum. Compreender apenas onde o senso comum precisa
“dar na cara” da ciência, onde o senso comum é consistente com a ciência e onde
temos algum trabalho real em compreender como podem ambas estar corretas - isso
é o que realmente me guia.
Clare Carlisle: Dizendo da maneira mais simples é sobre dar sentido
a tudo isso... Nós nos encontramos em um mundo que não escolhemos. Há toda
sorte de possíveis maneiras de interpretar isso e encontrar sentido no mundo e
nas vidas que vivemos. Portanto a filosofia é sobre dar sentido à situação em
que nos encontramos.
Tony Coady: Oh, bem, sou um filósofo analítico, portanto
comprometido com a visão de que a filosofia envolve muito trabalho analítico:
muita análise de conceitos. Mas penso que algumas pessoas acham que filosofia
só envolva analisar conceitos e tornar claras as coisas. Elas também acham que
você deva ter argumentos para tudo – é uma profissão muito argumentativa. Essas
são todas características da filosofia. Mas a filosofia deve também objetivar
fazer tipos de coisas um pouco mais sintéticas em larga escala. Filosofia deve
estar preocupada com problemas relativos ao sentido da vida, problemas éticos e
políticos, e deve escrutinizar as crenças básicas de nossa sociedade. A filosofia
tem sido desde sempre uma espécie de ciência de pressuposições; mas não deveria
apenas expô-las e dizer “lá estão elas”. Deveria dizer alguma coisa além sobre
elas, o que pode ajudar as pessoas. À
medida que fico mais velho, fico mais convencido de que deveria haver mais
imaginação na filosofia do que há. Em um estágio ela estava muito inteligente,
mas também seca. Apesar de não almejar me tornar tão imaginativo quanto os
vários filósofos pós-estruturalistas que valorizam tanto a imaginação que a
análise e o argumento caem por terra, ainda penso que há algo em oferecer uma
grande imagem das nossas circunstâncias, e penso que isso é algo que deveria
ser encorajado na filosofia.
Tim Crane: Citando Wilfrid Sellars, filosofia é a tentativa de
entender como as coisas, no sentido mais geral da palavra, coexistem no sentido
mais geral da palavra.
Roger Crisp: Eu acho que é algo que se deve fazer para entender sua
essência.
Don Cupit: A filosofia é pensamento crítico: tentar estar
consciente de como o pensamento de alguém funciona, de todas as coisas que
alguém toma como certo, da maneira na qual o pensamento próprio de alguém molda
as coisas sobre as quais pensa.
Donna Dickenson: Filosofia é o que me foi dito durante meus estudos
de graduação, que uma mulher não poderia fazer – por um eminente filósofo que é
melhor permanecer anônimo. Mas para mim é a imagem da mutuca[2],
a mutuca Socrática: recusar aceitar qualquer banalidade ou sabedoria aceita sem
examiná-la.
John Dunn: Penso que costumava ser uma investigação sobre o que é
verdadeiro e como as pessoas devem viver; está ainda distantemente relacionada
a isso, mas eu diria que a distância está crescendo mais do que diminuindo.
Luciano Floridi: Filosofia é engenharia conceitual. Isso significa
lidar com questões que estão abertas ao desacordo razoável e informado, através
do fornecimento de novos conceitos que podem ser superados no futuro, caso uma
solução mais econômica for encontrada – mas é uma questão de acordo racional.
Sebastian Gardner: Filosofia é a tentativa de unificar a razão
teórica e a prática.
Raymond Geuss: Tenho medo de ter uma resposta muito inútil para a
pergunta, porque é uma apenas uma resposta negativa. É a resposta que Friedrich
Schlegel deu em seus Fragmentos do
Athenaeum: filosofia é um modo de tentar ser um espírito sistemático sem
possuir um sistema.
A.C. Grayling: A filosofia é investigação sobre todas as coisas que
ainda não compreendemos apropriada e totalmente. Quando estamos apertados com
um problema ou um grupo de problemas, podemos afastá-lo para uma ciência
especial ou uma ciência social – embora aquelas ciências naturais e sociais
tendam a acabar voltando como problemas filosóficos também – sendo tais
problemas meio obscuros, meio mal formados, onde as questões são elas mesmas
duvidosas, onde estamos espiando no escuro e não temos ainda uma boa ideia do
que estamos fazendo. E isso é o que a filosofia é, é investigar principalmente
o desconhecido.
Thomas Hurka: Filosofia é pensamento abstrato, guiado por
princípios de lógica e ideais de precisão em pensamento e argumentação sobre as
questões mais gerais envolvendo seres humanos e o mundo e nosso lugar no mundo.
Terence Irwin: Algumas pessoas disseram, e concordo com elas, que é
argumentar de coisas que parecem perfeitamente óbvias para conclusões
extremamente surpreendentes. Outras pessoas disseram que é um modo de tentar
tornar claros os pressupostos básicos das reivindicações que tendemos a tomar
por certas. Ambas são ideias razoavelmente boas sobre o que a filosofia tenta
fazer.
Cris Janaway: Um...ah...essa é uma questão muito boa. Estou
reagindo do modo típico que se esperaria que filósofos fizessem; eles
geralmente não dão uma resposta, e as pessoas acham isso suspeito. Suponho que
a filosofia seja a tentativa de fazer perguntas que parecem não levar a lugar
nenhum – questões que sempre estarão lá.
Anthony Kenny: Filosofia é pensar tão claramente quanto possível
sobre os conceitos mais fundamentais que penetram todas as disciplinas.
Chandran Kukathas: Meu entendimento da filosofia provavelmente deve
mais a Michael Oakeshott do que a qualquer outro. Filosofia é uma tentativa de
pensar sistematicamente sobre os pressupostos de um tópico dado; tentar
entender aquele tópico em termos de conceitos que te deem um relato completo de
algo. Então, por exemplo, para a extensão da filosofia que discute ética, ela
tenta dar uma explicação sobre qual é a natureza da moralidade. Ou para a extensão da filosofia que discute
política, ela tenta dar uma explicação do que é política em termos de conceitos
que deem sentido a esse fenômeno.
Will Kymlicka: Bem, estou em um departamento de filosofia, mas
sempre fico pensando no quê, exatamente, eu tenho em comum com muitos de meus
colegas, porque, para ser franco, eu não entendo os trabalhos deles em
filosofia da linguagem ou metafísica. Há um certo elemento de contingência
sobre o que permanece num departamento de filosofia. Filosofia costumava
englobar Economia, e assim vai; e peças e pedaços se separaram, tornando-se
disciplinas autônomas, o que restou foi somente o que restou, no lugar de algo
coerente unindo-a. Eu penso em mim como um filósofo político; estou interessado
na avaliação normativa da vida política e de instituições do estado. Isso está
ligado de modo razoável e forte à filosofia moral. A Filosofia Moral, como
Robert Nozick disse, estabelece os limites da filosofia política.
Brian Leiter: Essa é uma questão difícil. Eu posso dizer-lhes o que
a filosofia acadêmica é, e ela sustenta alguma relação com o que a filosofia
tem sido historicamente. Isso é, a filosofia está preocupada com questões fundacionais
ou fundamentais sobre a natureza de tudo mais que seres humanos fazem: como nós
vivemos, como deveríamos viver, o que a arte é, o que sabemos, se sabemos
alguma coisa, o que a ciência é, e assim por diante. Nesse sentido a filosofia
é realmente a mais ampla de todas as disciplinas, até mesmo se não é, como Kant
pensou, a rainha das ciências. Mas, uma vez que estávamos falando agora sobre
Nietzsche, não podemos esquecer de que há uma concepção muito diferente de o
que os filósofos são. Um filósofo para Nietzsche era um honorífico, referente à
pessoa que cria ou legisla valor. É a pessoa que, tomando emprestada uma imagem
de um dos meus colegas da Universidade de Chicago, Judge Richard Posner, é um
empreendedor moral. É uma bela imagem. Trata-se de alguém que cria novas
maneiras de avaliar coisas – o que é importante, o que é valioso – o que muda
como toda uma cultura ou todo um povo entende aquelas coisas.
Jerrold Levinson: Oh, eu não sabia que vocês iriam me perguntar as
questões realmente difíceis. Eu posso contar uma piada que diz o que é a
filosofia. Um jovem está indo para um encontro romântico e pede ao seu pai um
conselho: ‘Pai, estou muito nervoso, do que eu falarei nos intervalos de
silêncio?’ O pai diz: ‘Olhe filho, existe o CFF: tem a comida, a família e a
filosofia’. Então o filho diz: ‘Certo, eu me lembrarei disso.’ Ele vai para o
encontro e está com a namorada no carro depois do jantar; e ocorre um daqueles
silêncios e ele pensa ‘o que vou dizer? Meus dentes estão rangendo. Ah, vou lembrar-me
do conselho do meu pai’: ‘Então Mary, você gosta de aspargos? ‘Bem, John, não
gosto de aspargos. ‘Você tem irmãos, Mary?’ ‘Pra falar a verdade, John, não
tenho irmãos’. ‘Bom, Mary, se tivesse um irmão ele gostaria de aspargos?’ Isso
é filosofia.
M.M. McCabe: Pensar sobre o pensar.
Jeff McMahan: Posso apenas rir? Não tenho ideia do que seja a
filosofia.
Ray Monk: Filosofia é a tentativa de compreender a nós mesmos e o
mundo.
A.W. Moore: Fico muito pressionado a dizer, mas uma coisa que é
certamente verdadeira é que “O que é filosofia?” é uma tremenda pergunta
filosófica.
Alexander Nehamas: Não posso responder isso diretamente. Vou dizer
como me tornei filósofo. Tornei-me filósofo porque eu queria ser capaz de falar
sobre várias, várias coisas, de preferência com conhecimento, mas às vezes não
a quantidade de conhecimento que seria necessário para ser um especialista
naqueles assuntos. Ela permite fazer muitas coisas diferentes. E pluralidade e
complexidade são muito, muito importantes para mim.
Alex Neill: Filosofia é o pensar que é obcecado com a clareza.
David Papineau: Filosofia é pensar duro sobre os problemas mais
difíceis que existem. E vocês podem pensar que cientistas fazem isso também,
mas há um certo tipo de questão que dificilmente pode ser resolvida adquirindo
mais evidência empírica. Ela requer um desembaraçar-se de pressuposições:
dar-se conta de que nosso pensamento é orientado por ideias que nem percebemos
que possuímos. E isso é o que e é filosofia.
Anne Phillips: Agora vou rir. Filosofia para mim é um modo de
pensar sobre dilemas e contradições. Eu não penso nela como um ter que ser
abstraído do mundo real, ou ter que ser sobre problemas hipotéticos, mas quando
quer que você esteja lidando com algo que seja um dilema real e razões há muito
boas para ir por um caminho, e razões há muito boas para ir por outro, naquele
momento eu penso que você precisa da filosofia.
Thomas Pogge: Eu penso a filosofia no sentido clássico de amor à
sabedoria. Então a questão agora é ‘O que é sabedoria?’ e penso que sabedoria é
entender o que realmente importa no mundo. E assim é como eu responderia às
pessoas que dizem que o que eu faço não é realmente filosofia. Em meu ponto de
vista o que realmente importa é a enorme injustiça que tem sido perpetuada
sobre os pobres neste mundo. Acabamos de escutar da organização de comida e
agricultura das Nações Unidas que pela primeira vez na história da humanidade
há mais de um bilhão de pessoas cronicamente desnutridas. A metade mais pobre
da humanidade tem 3 por cento da renda familiar global: a metade mais rica 97
por cento. Se a metade mais pobre tivesse 4 por cento da renda familiar global,
eles não estariam nessa pobreza severa. E o que o filósofo pode fazer é somente
dizer: ‘isso é algo que importa’.
Janet Radcliffe Richards: Considero filosofia como um modo de
investigar mais que uma lista particular de matérias. Considero-a envolvendo o
tipo de questões onde você não está tentando descobrir como suas ideias
agarram-se ao mundo, se suas ideias são verdadeiras ou não, no sentido em que a
ciência faz, porém mais como suas ideias coexistem juntas. Isso significa que
questões filosóficas surgirão em muitas matérias. E se você não obteve
treinamento filosófico, você pode até compreender mal a natureza de muitas
daquelas questões. Portanto é assim que
eu prefiro pensar a filosofia – como um método, um tipo de investigação mais do
que uma série particular de questões. Embora seja claro que há algumas questões
que só podem ser respondidas por tal tipo de investigação.
Aaron Ridley: (Risos)
Ben Rogers: (Risos). Eu preciso voltar ao
trabalho do dia.
Michael Sandel: Filosofia é refletir criticamente sobre como as
coisas são. Isso inclui refletir criticamente sobre os arranjos sociais,
políticos e econômicos. Isso sempre dá margem à possibilidade de que as coisas
podem ser diferentes do que são. E melhor.
Julian Savulescu: Filosofia no meu ponto de vista é ganhar
conhecimento através do uso da razão e de ferramentas conceituais, razão a priori, e refletir sobre si mesmo e o
estado do mundo. Ela edifica as ciências empíricas, mas não é uma versão de
ciência. É ganhar conhecimento através da reflexão racional. E na minha área,
filosofia é sobre entender o que as pessoas devem fazer, que tipo de pessoa as
pessoas devem ser, como as pessoas devem agir, refletindo racionalmente sobre
os cursos de ação ou natureza dos seres humanos. Também penso que a filosofia
deve encorajar as pessoas a ganhar conhecimento, e refletir e tentar buscar
entender o mundo e eles mesmos através de suas capacidades como animais
racionais.
Walter Sinnot-Armstrong: Filosofia é a procura por uma visão de
mundo coerente e justificada. Os filósofos deveriam parar de olhar para
pequenas questões no corredor de nossas vidas e tentar ver como as coisas se
encaixam; como psicologia se encaixa com filosofia, como a mente se encaixa com
o corpo, como valores estéticos se relacionam com justiça e valor econômico.
Tais são grandes questões: como encaixamos os diferentes aspectos de nossas
vidas? E é a isso que a filosofia deveria estar remetendo.
Barry Smith: Eu acho que é pensar fundamentalmente claramente e bem
sobre a natureza da realidade e nosso lugar nela, para entender melhor o que
ocorre à nossa volta, e o que é nossa contribuição para tal realidade, e seus
efeitos sobre nós.
Robert Rowland Smith: Acho que o termo grego tem seu sentido exato;
é um modo de amar o conhecimento.
Paul Snowdon: Filosofia é o nome que damos à coleção de questões
que são de profundo interesse para nós e para as quais não há um jeito especialista
de responder. As categorias em termos das quais elas são colocadas são do tipo
que evitam que experimentos sejam realizados para respondê-las, de modo que
somos impelidos novamente a responde-las na base de evidência que podemos
acumular. Por exemplo, ‘Deus existe?’. Você não pode pegar a questão e enfiar
num jaleco para fazer um experimento. A categoria ‘Deus’ não é uma categoria
adequada para conduzir experimentos para determinar se há algo do tipo ou não.
Como decidimos? Bem, nós simplesmente pesamos os argumentos a favor e contra a
existência deste tipo de entidade. E esse é caráter geral das questões
filosóficas. Existem valores? Existe alma? Existem dados sensoriais? E assim
por diante. ‘Filosofia’ é o nome para o grupo de questões profundas e
importantes para as quais não existe um simples caminho experimental de
respondê-las, e ainda assim queremos saber as respostas.
Kate Soper: Penso que uma das mais importantes coisas que a
filosofia tenta fazer é respeitar tanto a relatividade cultural quanto a
historicidade de nossas ideias ao mesmo tempo em que destrincha o que pode ser
mais trans-histórico, verdades transculturais.
Raymond Tallis: Uma das minhas definições favoritas vem de Wilfrid
Sellars. É tentar ver como as coisas no mais amplo sentido coexistem no mais
amplo sentido. E meu sonho de filosofia é tornar o universo mentalmente
portátil, então, ao invés de ser possuído por ele, você o possuiria.
Tzvetan Todorov: Filosofia é uma matéria que todos os estudantes
franceses precisam ter em sua última aula de ensino médio. E eles simplesmente a
odeiam, pois não podem entender sobre o que trata a filosofia. Respondendo mais
seriamente, filosofia é um modo de buscar sabedoria, de levar uma vida mais
sábia. E eu assumo essa concepção de filosofia.
Keith Ward: Tenho uma aproximação tradicional, quase indiana para
isso: penso que filosofia é a busca pela sabedoria, e isso inclui a sabedoria
espiritual. Então isso significa questões sobre a natureza do Eu humano e a
natureza da realidade, e como isso afetará sua vida na prática. E nesse
sentido, embora eu tenha experienciado a filosofia de Oxford em sua maior
intensidade, não sou definitivamente um filósofo da linguagem comum.
Jonathan Wolff: Bem, posso dizer como problemas filosóficos emergem
na minha visão, que é quando duas diferentes noções do senso comum empurram
para diferentes direções, e aí a filosofia começa. E eu suponho também considerar
que tudo que reivindica ser filosofia, quando não puder ser relacionada a um
problema anterior que a fez surgir daquela maneira, é vazia.
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